A minha filha, que tem vindo a ser cada vez menos tímida à medida que cresce, fez de ratinho da Cinderela na festa da escola.
Tinha umas orelhas, um nariz e bigode pintados, um lenço na cabeça, uma cauda por fora da saia.
O papel dela era para a idade. Dançar e andar à roda.
Estava feliz, orgulhosa e não tirava os olhos de mim que estava feliz, orgulhosa e não tirava os olhos dela.
Há qualquer coisa de absolutamente comovente de os ver ali, fortes, com o papel decorado, minúsculos a serem grandes, perderem a vergonha, a superarem-se.
Este orgulho é muito maior que tudo o que ali estão a fazer.
Mesmo quando não fazem nada estamos com aquela cara de pais de filhos nomeados ao Óscar.
Já ganhaste, ratinho.
Ontem às 06:10 das manhã o meu despertador tocou. Nunca pensei escolher acordar tão cedo mas a intenção era boa. Correr. Ainda não sei verdadeiramente correr e estou a aprender. Velocidade, respiração, gestão de esforço, passada. Fui sozinha e fui o tempo todo a agradecer por viver neste país e nesta cidade que logo pela manhã é ainda mais incrível. Há muita gente a correr junto ao rio antes de ir trabalhar e até passou por mim um amigo, na bisga, a quem lancei um meio sorriso, envergonhada pela minha corrida de caracol. Mas tem que se começar por algum lado e eu adorava um dia conseguir participar numa competição oficial e chegar a uma meta, seja ela qual for. Ontem foram 5km. Felizes. E bons. Cheguei a casa cheia de energia e contente por ter vencido a preguiça.
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