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É mais difícil ser pai do que ser filho.

Ser criança não é nada fácil.
Começam a vida completamente dependentes de nós. Para tudo. Comer, beber, mudar fralda, usar fralda(!!), ser entendido, ir dormir, acordar, estar dormente e ninguém dar por isso.
Depois têm regras, formas de comportar, de estar, falar a amigos dos pais que só vão ver uma vez, ser simpáticos para vizinhos chatos, dizer obrigada, desculpe, pedir licença.
Ir para a escola mesmo quando não lhes apetece, ficar calados quando só querem conversa, fazer ginástica, comer comida de refeitório, usar bibe.
Lidam com frustrações diárias quando não podem fazer o que querem às horas que querem. Têm que ir para o banho, vestir pijama, lavar os dentes, sempre às horas definidas por nós.
E por mais livres que sejamos na educação, há sempre rotinas. E as crianças precisam de rotinas mas não as adoram.
Também não gostam de sentir ciúmes de irmãos, de às vezes estar em primeiro, outras em segundo, perder atenção, ser segundos irmãos, terceiros, quartos ou ser os mais velhos e ter responsabilidades.
Mas o mais difícil não é ser filho porque o papel do pai é decidir o melhor que sabe para o seu bem estar.
E quem decide por nós? Quem nos ensina o melhor caminho? Quem nos orienta e nos coloca em perspectiva nos momentos chave para não perdermos o rumo, o controlo? Quem é que nos diz que é melhor assim do que assado?
Podemos apenas contar com a educação que tivemos, com o nosso discernimento, trabalho de equipa, instinto e uma grande intuição. Tudo poderes absolutamente abstractos que não nos garantem nada o sucesso.
Arriscamos todos os dias educar os nossos filhos com base no nosso instinto e fazemos figas para que corra bem.
Às vezes não
corre, não porque falhámos mas porque temos expectativas, das grandes. Perante eles, perante os outros, perante a vida. Queremos que nada falhe. Que nada fuja. Que nunca estejam infelizes. Que não chorem e que não sejam injustiçados. Mas muitas vezes são. E muitas vezes são-o por nós. Somos injustos, falhamos, erramos, acertamos ao lado e é o suficiente para fazer mossa. Carregamos um peso que na maior parte das vezes é colocado aos nossos ombros por nós. Damos demasiada importância a tudo.
E sim, devemos estar atentos ao que sentem, ao que esperam, ao que precisam e é um jogo absolutamente duro, cansativo, traiçoeiro e complicado mas eles são muito mais simples que nós, a sua cabeça é muito mais pura e inocente, levam as coisas com mais ligeireza, raramente guardam ressentimentos e esquecem. Porque são bons, porque são pequenos. Porque nos amam acima de tudo.
É duro quando os vemos infelizes porque a culpa pode ser nossa, quando os vemos frustrados porque a culpa é nossa, quando os vemos com energia a mais porque é culpa nossa, quando os vemos mais calados, mais asneirentos, mais introvertidos, mais inseguros, mais mal educados, mais ariscos. Porque não lhes demos atenção, demos demais, porque pode estar a sentir isto e aquilo e a culpa é sempre nossa.
Ser pai é um trabalho pesado que exige de nós constante atenção. Olhos e coração postos neles. A tentarmos o melhor que sabemos e podemos.
Umas vezes acertamos directamente no alvo, muitas vezes não. E faz parte. Ser um pai imperfeito ajuda os nossos filhos a crescer, a lidar com sentimentos importantes, a ser confiante. A descarregar em nós o que os inquieta e a ser honestos.
E às vezes seria mais fácil se não fossemos tão exigentes e libertássemos algum do peso da paternidade, que já de si é absolutamente pesada.
E se confiássemos mais naquilo que nos fez querer ser pais. Amar. E nada mais.

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