Quando nasceu não dormiu a primeira noite. Minúscula, sempre a mamar numa mãe completamente derreada e fora deste mundo.
Pedi a uma enfermeira uma chucha. Ou isso ou suplemento. Torceu o nariz mas lá trouxe e a Leonor alapou-se a ela em modo de sobrevivência.
E sem darmos por isso, passaram 5 anos.
A chucha faz parte dela se fechar os olhos e a imaginar. Tinha uma fita com um laço com 3 ou 4 chuchas que ia alternando. Levava-as ao pescoço. Perdeu mil. Comprámos outras mil.
A chucha, embora a impedisse de se resolver sozinha e todas essas coisas que a psicologia mais simples explica, era uma muleta que lhe (e nos) dava jeito.
Quando entrou na escola. Quando caiu. Quando ganhou medo de multidões e de barulho muito alto. Quando ficou a dormir fora. Quando dormia a sesta. Quando via um filme. Quando recuperava de uma birra. Quando queria mimo.
A chucha (e o ó ó) estavam lá para coisas importantes e para coisas de nada.
"Aos dois anos e meio tiramos". Mas depois veio o irmão e era maldade.
Mas o que lhe custava a ela também nos custava a nós. Demorámos 3 anos para que a Leonor dormisse uma noite seguida. Tirar a chucha estava completamente fora de questão. Queríamos dormir. Não queríamos mais um desafio àquela hora. Paciência! Ninguém casa de chucha. Vamos deixar passar mais um tempo.
E deixámos. Tempo demais.
A chucha passou a ser uma moeda de troca. Castigo. Recompensa. Tudo.
E a Leonor começou a ganhar vergonha. E quando a chucha se tornou numa ameaça à sua autoconfiança, fez-se um clique.
O medo também era nosso - muito dele - e isso era absolutamente injusto para ela. Preguiça, pena, mais preguiça e mais preguiça.
Sem preparação nem aviso, aproveitámos um dia cansativo em que não se lembrou da existência da chucha, uma grande conversa, um incentivo (faz parte), uma enorme injecção de confiança.
E dormiu.
Acordou com mais 2 centímetros posso jurar. Enorme de orgulho.
De manhã fomos ao lago, também sem grandes teorias.
A Leonor nem pestanejou, atirou as duas chuchas que tinha e festejou.
Enchia-a de beijos e palavras e lá fomos, como se nada fosse, andar nos baloiços.
Ainda falou das saudades que sente e sei que os dois ou três dias que se seguem podem ser difíceis mas já está. Fizemos finalmente o que devia ser feito e temos (todos) que lidar com isso.
Pedi a uma enfermeira uma chucha. Ou isso ou suplemento. Torceu o nariz mas lá trouxe e a Leonor alapou-se a ela em modo de sobrevivência.
E sem darmos por isso, passaram 5 anos.
A chucha faz parte dela se fechar os olhos e a imaginar. Tinha uma fita com um laço com 3 ou 4 chuchas que ia alternando. Levava-as ao pescoço. Perdeu mil. Comprámos outras mil.
A chucha, embora a impedisse de se resolver sozinha e todas essas coisas que a psicologia mais simples explica, era uma muleta que lhe (e nos) dava jeito.
Quando entrou na escola. Quando caiu. Quando ganhou medo de multidões e de barulho muito alto. Quando ficou a dormir fora. Quando dormia a sesta. Quando via um filme. Quando recuperava de uma birra. Quando queria mimo.
A chucha (e o ó ó) estavam lá para coisas importantes e para coisas de nada.
"Aos dois anos e meio tiramos". Mas depois veio o irmão e era maldade.
Mas o que lhe custava a ela também nos custava a nós. Demorámos 3 anos para que a Leonor dormisse uma noite seguida. Tirar a chucha estava completamente fora de questão. Queríamos dormir. Não queríamos mais um desafio àquela hora. Paciência! Ninguém casa de chucha. Vamos deixar passar mais um tempo.
E deixámos. Tempo demais.
A chucha passou a ser uma moeda de troca. Castigo. Recompensa. Tudo.
E a Leonor começou a ganhar vergonha. E quando a chucha se tornou numa ameaça à sua autoconfiança, fez-se um clique.
O medo também era nosso - muito dele - e isso era absolutamente injusto para ela. Preguiça, pena, mais preguiça e mais preguiça.
Sem preparação nem aviso, aproveitámos um dia cansativo em que não se lembrou da existência da chucha, uma grande conversa, um incentivo (faz parte), uma enorme injecção de confiança.
E dormiu.
Acordou com mais 2 centímetros posso jurar. Enorme de orgulho.
De manhã fomos ao lago, também sem grandes teorias.
A Leonor nem pestanejou, atirou as duas chuchas que tinha e festejou.
Enchia-a de beijos e palavras e lá fomos, como se nada fosse, andar nos baloiços.
Ainda falou das saudades que sente e sei que os dois ou três dias que se seguem podem ser difíceis mas já está. Fizemos finalmente o que devia ser feito e temos (todos) que lidar com isso.
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