Avançar para o conteúdo principal

Deixa lá. Ele é rapaz.

Adoro rapazes. Casei com um (!). Que admiro, amo e me orgulho. E tenho um filho rapaz que é o meu príncipe e por quem o meu coração derrete. Os dois juntos então é inacreditável.
Este era o prelúdio necessário e agora chega.
Nas cavernas os homens tomavam conta das coisas, saiam, iam à caça e traziam em ombros o jantar, a roupa para o inverno e ainda cozinhavam.
Algures entre essa época e
os dias de hoje aconteceu o impensável. As mães mataram o espírito de sobrevivente que os homens carregaram ao peito durante toda a humanidade.
"O menino não pode entrar na cozinha. Vai ver futebol com o teu pai. Os homens não sabem passar a ferro, ora essa! Onde é que já se viu um homem coser um botão? Deixa estar que a mãe vai lá."
Mas porquê?
Se eu fosse homem fazia exactamente o que eles fizeram ao longo dos tempos. Aproveitava. Começava devagarinho a encostar-me e a aproveitar o bom que é ter quem faça por nós.
Todas as mulheres se queixam que os homens fazem muito menos em casa (sim, há sempre alguém que tem aquele marido incrível que faz tudo e aquele filho super prestável), todas se queixam que não têm a nossa capacidade para encaixar mil e uma tarefas num minuto,  todas se queixam que podia ficar um ano uma sanduíche com fiambre no quarto que não davam por nada, o suporte de papel higiénico sem papel, as mesmas tolhas, os mesmos lençóis, todas se queixam que para eles uma gripe é fatal.
E este texto poderia ser a queixar-me do meu marido ou do meu filho (que amo perdidamente. Vou frisar isto para não os enervar). Nem é o caso. É a queixar-me do homem em geral. (Será que posso? Eles também se queixam de nós, chatas, confusas, mimadas...)
Ser rapaz passou a ser uma condição que os impede de qualquer coisa. De se concentrarem, de ajudarem, de encontrarem coisas.
Deixa lá, ele é rapaz.
Mas eles nasceram de mãos atadas?
Ah! Eles simplificam tudo... Para eles é indiferente se está ou não uma sanduíche no quarto!
A sério?
As mulheres têm desculpado demais os homens. O trabalho. O stress. Os genes. O género. A idade. Tudo é motivo para justificar uma certa falta de vontade, para não dizer mais. Percebo perfeitamente que seja muito melhor ter alguém que me ate os sapatos do que aprender, que me procure a chucha, que me apanhe as coisinhas do chão. Mas verdade seja dita que tudo o que eles precisam para estender a roupa, pôr uma pastilha na máquina de lavar, fazer a cama, arrumar uma roupa na gaveta, têm exactamente igual a nós: mãos. 
"Os homens são assim, não há nada a fazer, eles são diferentes", tem servido para tudo e para mais alguma coisa amparando-lhes as quedas. Desde as amantes à faxina, os homens são desculpados por uma falha de sistema qualquer que nunca foi sequer cientificamente provada de tão absurda que é. As mulheres foram-nos desculpando, principalmente as mães, arrumando as roupas, fazendo o jantar, tendo pena deles como se lhes faltasse algo, coitados.
Falhando redondamente porque na verdade o derradeiro desejo de uma mulher é criar um filho desenvencilhado e casar com um homem que decida.
Nesta fotografia 2 dos homens da minha vida. São os meus amores. O meu filho que espero fazer crescer bem, cheio de confiança em si mesmo para arregaçar as mangas. E o meu marido. Que vive com elas arregaçadas.
Amo-vos.

Comentários

  1. Na muche. Obrigado por escrever o que (penso) que toda a minha geração pensa mas que a sua não gosta de nos ouvir dizer 😌

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Fui correr.

Ontem às 06:10 das manhã o meu despertador tocou. Nunca pensei escolher acordar tão cedo mas a intenção era boa. Correr.  Ainda não sei verdadeiramente correr e estou a aprender.  Velocidade,  respiração,  gestão de esforço,  passada. Fui sozinha e fui o tempo todo a agradecer por viver neste país e nesta cidade que logo pela manhã é ainda mais incrível. Há muita gente a correr junto ao rio antes de ir trabalhar e até passou por mim um amigo,  na bisga, a quem lancei um meio sorriso,  envergonhada pela minha corrida de caracol. Mas tem que se começar por algum lado e eu adorava um dia conseguir participar numa competição oficial e chegar a uma meta, seja ela qual for. Ontem foram 5km. Felizes. E bons. Cheguei a casa cheia de energia e contente por ter vencido a preguiça.

Tribo 5

Nunca demorei tanto tempo a comprar como desta vez e já estava a ficar nervosa. 😬 Já cá canta. Parabéns mana e @tribomag. Como ela não há nenhuma. @ritaferroalvim via Instagram

Tudo em pratos limpos

Antes de começar este desafio a SportsLab disse que o procedimento normal era fazer uma avaliação. Faz todo o sentido, saber em que ponto estamos e onde queremos chegar. Sei que a minha alimentação é mais ou menos cuidada mas também sei que não faço exercício regular e que fujo vezes demais à dieta. E fugir não é comer hidratos ao jantar, é comer croissants, pizzas, batatas fritas, gelados e afins. Por isso é sempre um bocadinho assustador saber em que pé estamos mas absolutamente necessário para que se defina tudo direitinho.  Por exemplo, o meu objectivo era perder peso, a Sportslab diz que eu vou perder volume e não peso, o que ainda é um bocadinho estranho para mim. Parece que para me sentir bem comigo só se estiver mais leve, mas acredito na palavra deles.  Por isso e para que seja tudo às claras, aqui ficam alguns dos meus números.  Fizemos muito mais medições para além destas mais relacionadas com tensão, ritmo cardíaco, percentagem de hidratação e o...