Um dia todos terão idade de andar por aqui. A expor a vossa vida às vossas pessoas e sei que também a pessoas que não serão assim tão vossas, mas que vão andar por lá.
Se tudo correr bem vocês serão miúdos fortes. Confiantes. Seguros. Não vos vai importar muito as coisas sem importância. É para isso que eu e o vosso pai estamos cá, e toda a vossa família, para vos dar força. Esse é trabalho número um das nossas vidas.
Hoje vocês têm 7, 4 e 2 anos e não fazem ideia o que é um whatsapp, um post, instagram, facebook ou conhecem a palavra blog. Não vos escondo mas também não vos entrego - já - isto tudo assim do pé para a mão. Primeiro queremos garantir que o nosso trabalho está bem feito. Que nada disto vos aflige porque nada disto tem na realidade importância. E que vocês sejam crescidos o suficiente para este mundo paralelo.
Quero que saibam que o mais importante de tudo será relativizar. Às vezes há pessoas por detrás dos telefones que estão tristes e sozinhas e que de forma estranha se divertem com maldade. Não é preciso a mãe ou o pai para perceberem que isso está errado. Vocês sabem.
Às vezes essas pessoas ganham força quando há mais pessoas como elas, quando se juntam, quando se formam em grupo para apontar o dedo rebaixar, gozar. Não se deixem atingir por essas pessoas, não sejam essas pessoas.
Juntem-se sempre aos bons. São esses que vos dão a mão se precisarem de atravessar o corredor da escola. Não sejam maus porque é fixe, porque não é. Fixe é ajudar o outro, sorrir ao outro, apoiar o outro.
A vossa vida é a coisa mais importante do mundo. Mais valiosa. E vocês vão ter que crescer com o rei na barriga e fechar os olhos a quem acha diferente.
No dia em que usarem o whatsapp e tiverem os vossos grupos e as vossas contas lembrem-se que é muito mais fácil escrever do que falar. Vejam o exemplo da mãe, escreve muito mais do que fala. Não há ninguém para nos travar e isso, às vezes, é perigoso.
Lembrem -se também que o mundo é tão maior. A rua é tão melhor. Os abraços e os beijos e as lágrimas e tudo isso não cabem nos ecrãs.
E vocês, meus queridos filhos merecem o melhor.
E o melhor dos outros só se vê olhos nos olhos.
Ontem às 06:10 das manhã o meu despertador tocou. Nunca pensei escolher acordar tão cedo mas a intenção era boa. Correr. Ainda não sei verdadeiramente correr e estou a aprender. Velocidade, respiração, gestão de esforço, passada. Fui sozinha e fui o tempo todo a agradecer por viver neste país e nesta cidade que logo pela manhã é ainda mais incrível. Há muita gente a correr junto ao rio antes de ir trabalhar e até passou por mim um amigo, na bisga, a quem lancei um meio sorriso, envergonhada pela minha corrida de caracol. Mas tem que se começar por algum lado e eu adorava um dia conseguir participar numa competição oficial e chegar a uma meta, seja ela qual for. Ontem foram 5km. Felizes. E bons. Cheguei a casa cheia de energia e contente por ter vencido a preguiça.
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