Não dá para educar com culpa. A culpa leva-nos a ceder, a fazer diferente do nosso instinto, a seguir caminhos alternativos que sem culpa não seriam necessários.
Os pais sentem culpa. Alguns pais sentem culpa. Por motivos tão diferentes.
Mas a culpa cega-nos e às vezes torna-nos permissivos e instáveis, inconstantes e inconsequentes.
Temos pena dos nossos filhos. Porque eles são "o do meio", o mais velho, o mais novo de muitos, o único rapaz, a única menina, filho único. Porque não brincam na rua, não podem ver tv, nem comer gomas, estão tempo a mais na escola e tempo a menos com os pais, têm poucos brinquedos, pouca roupa, não viajam.
Coitados deles.
E depois damos por nós numa teia de exigências e compensações por motivo nenhum. Porque queremos ser melhores, dar mais, estar mais, fazer mais. Vê-los felizes constantemente, de sorriso rasgado o tempo todo, sem sentir tristeza, frustração e acima de tudo gratidão.
A nossa culpa e a nossa necessidade de os manter num estado de constante felicidade - porque temos medo de os traumatizar - retira-lhe o sentido de gratidão. Tudo passa a ser expectável e esperado e muito rapidamente, exigido.
Retirar a culpa da educação leva-nos a ser com eles como somos na nossa essência. Puros e verdadeiros. Com todos os erros que possam surgir.
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