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A Luísa ainda está na barriga

A Luísa nasceu com as mãos na cara. Com as mãos na boca. Com as mãos coladas ao corpo.
Se a Luísa fosse a primeira é possível que confundisse muitos destes gestos com fome.
A Luísa continua com os joelhos colados à barriga, enrolada.
Chora muito quando sai do banho e atira cada braço para seu lado, só parando de chorar quando a aperto na toalha e contra mim. 
A Luísa gosta de adormecer ao colo depois de mamar,  de dormir colada a mim. Que lhe fale ao ouvido. Acalma com uma festa na testa, um beijinho, uma mão por cima da barriga.
A Luísa ainda está na barriga. É assim que leio todos os seus gestos de sobressalto, toda a sua necessidade de mim.
E sinto o mesmo que ela.  Já nasceu mas ainda estou grávida. Ainda estou sensível,  ainda com outro corpo, ainda estou só eu e ela apesar do mundo.
A Luísa ainda está na barriga e eu ainda a sinto aqui.
A querer que o tempo se demore e que não deixe passar nada. Que a veja crescer devagarinho, que a perceba, que entenda os seus sons, os seus pedidos. Que não signifique nada para as suas necessidades, ter irmãos.  Que eu esteja lá apesar deles. Que eu esteja lá, com eles.
Ainda estamos as duas assim, necessitadas uma da outra, coladas, uma.
Sei que este tempo vai. Que eu tenho que perder o peso da gravidez e voltar ao que era.
Mas por enquanto e enquanto puder vou mantê-la aqui neste colo mais calmo, nesta barriga.

Comentários

  1. Perfeito, uma só... enquanto for necessário enquanto ambas o desejarem 👏👏

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