Antes de ter filhos queria ser um tipo de mãe. Tinha, aliás a certeza que ia ser um determinado tipo de mãe.Não sou. Sou uma mãe completamente diferente do que me imaginei ser.
Sempre soube que ia amar os meus filhos. Mas imaginava-me mais desligada. Talvez por não conhecer este amor.
Imaginava que os ia deixar muitas vezes em casa dos avós e que os fins de semana a dois seriam pelo menos uma vez por mês. E que ia jantar fora e ao cinema pelo menos uma vez por semana. Provavelmente também me imaginava rica.
Imaginava que não me ia custar zangar, nem dar uma palmada caso fosse preciso, nem pôr na ordem e que "os filhos são uma coisa muito bonita mas nunca me hei-de pôr depois deles". Imaginava que eles seriam importantes, mas não o mais importante. Que seriam a minha vida, mas não o centro dela. Imaginava que seriam amados, mas não assim.O tempo de gravidez preparou-me para muita coisa, para organizar a casa, para compor o armário, para comprar cremes, para ler uns livros, para saber que não ia ser fácil mas que ia ser tão bom, para poder apenas supor.
Mas nada me preparou para o amor.
Nada me preparou para o avassalador que isto é. Nada me preparou para viver cada dia, desde que ouvi a minha filha chorar pela primeira vez, completamente apaixonada e dedicada a estas miniaturas que nascem de mim.
O amor que sinto pelos meus filhos é ridículo de tão gigante. É maior do que aquilo que sou e do que aquilo que pensei ser possível.É tão grande que dói e é tão grande que nem se pode pensar muito nisso.
É um amor que precisa de ser absolutamente doseado e controlado.

Quando caem e se magoam, quando choram, quando estão tristes, quando não conseguem dormir, não comem nada, quando não querem ir à escola, quando não conseguem desenhar uma bola, calçar as meias, subir sozinhos para a cadeira, pôr os ganchos no cabelo, beber água do copo.
Se este amor não for controlado eles não caem, não choram, não vão à escola, não aprendem a ler nem a escrever, nem a comer sozinhos. Este amor, às vezes tem que se afastar para que sejam independentes.
É um amor que toda a gente sente pelos seus filhos mas que ao mesmo tempo achamos ninguém entender. "Ninguém gosta tanto dos meus filhos como eu". É um amor que está sempre a crescer e que é incondicional e esquizofrénico e que não tem nada de egoísta nem de duvidoso. É um amor puro. Absolutamente puro. E tão bom.
A mãe que eu sou é uma mulher que descobriu um novo amor. Este amor que se tem pelos filhos
absolutamente inexplicável e único. Que os quer ver crescer e para sempre pequeninos, que se orgulha quando conseguem desenhar a bola sem ser na perfeição, que se emociona quando calçam as meias pela primeira vez e dão pulos de alegria. Que os abraça se caem e diz que já passou, que os ama quando entornam o copo inteiro no chão mesmo depois de termos dito para beber com cuidado. Que depois de um dia de birras, desarrumações e caos só os quer ver na cama e assim que adormecem só os quer acordar para começar tudo outra vez.A mãe que eu sou não estava preparada para este amor paciente, constante e infinito, tem medo deste amor mas abraça-o, a cada dia que passa, vive-o e sente-o. Às vezes até demais.
Adorei! Identifico-me tanto!
ResponderEliminarAinda bem que há Mães com o dom da palavra para conseguirem descrever o que vai na alma das outras Mães. Bjs
Mafalda Furtado
Eu é que adorei o comentário. :) obrigada.
EliminarQue lindo :)
ResponderEliminarMuito obrigada. :)
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