Avançar para o conteúdo principal

Os pais dos filhos das mães.

Quando ele chega o mundo pára.
Não. Quando ele chega o mundo vira-se de pernas para o ar. Os olhos brilham, as vozes elevam-se e o mundo é um circo. Não, o mundo é um teatro. Não, o mundo é um parque de diversões.
Quando ele chega o mundo é tudo o que eles quiserem e o tempo não existe.

Se estão para sair do banho, já não saem, se estão a 5 minutos de acabar o jantar, passam a estar a 20. Se estão na fase mole mesmo antes de dormir espevitam e ganham mais uma hora de energia.

Às vezes é absolutamente irritante.

As almofadas vão para o chão, os brinquedos regressam à sala, a história é lida com teatro e aos gritos e com sombras e gestos e macacadas.
O pai tem esse papel. O de ficar mais tempo criança.

A mãe refila. Murmura baixinho injustiças porque basicamente já se estava a preparar para estar finalmente em silêncio. Já tinha andado de gatas a fazer de urso, já tinha jogado à bola, às princesas e com carros.

O pai é o que vira tudo avesso, quebra as regras que às vezes nem conhece, os atira ao ar, de pernas para baixo, lhes faz cócegas até chorarem.
É o que aproveita todos os minutos para que eles o vejam como um herói, como um pai deve ser.

O pai também tem medo que eles caiam mas não mostra e é por isso que aprendem a andar de bicicleta, subir às árvores e andar mais alto no baloiço. O pai também se preocupa com o futuro deles, se vão aceitar bem a escola nova, se vão aprender a nadar até ao verão, se vão ter saudades quando os pais passarem a noite fora, mas diz sempre que vai estar tudo bem. O pai também morre por dentro quando eles se esmigalham contra o chão e esfolam os joelhos, as mãos e a cabeça mas diz para se levantarem, que são fortes, valentes. 

O pai fa-los sentir-se especiais e únicos.

Há pais que não arrumam, não ajudam, não dividem tarefas, não cumprem horários, não sabem ficar sozinhos com eles, não os vestem bem, não lhes lavam a cara, não fazem jantar, almoço, não arrumam a cozinha, não estendem roupa, não penduram as toalhas.

Ser pai não é isso. Isso é ser marido e dava um livro (e ninguém quer verdadeiramente falar sobre isso porque há os maridos com tempo que ajudam, com tempo que não ajudam, sem tempo que ajudam, sem tempo que não conseguem ajudar mas que queriam muito).

Ser pai é conseguir arrancar sorrisos das birras, relativizar, empurrar para ir e segurar quando caem. É proteger as filhas cegamente e temer o futuro delas como mulheres e é fazer crescer os rapazes e ensinar-lhes o que é vida. A serem homens como deve ser.

Ser pai é muito (mas muito) mais do que ser o apoio da mãe.
É ser o pai.

*dedico este texto ao pai dos meus filhos por todos os motivos e ainda mais alguns. E dedico este texto ao meu marido que por sorte é também o pai dos meus filhos. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

23 semanas (e um dia)

Passaram 15 dias desde a última actualização e tudo está maior. Eu no geral e também a minha barriga. Fizemos a ecografia morfológica e é impossível a Luísa estar mais saudável e mais enérgica. Durante toda a ecografia não parou e mostrou-se em toda a sua beleza. A médica disse que ela grande e gordinha. Está do tamanho de uma papaia, com cerca de 550 gramas e quase 30 cm! Comigo também está tudo óptimo e não há sinais de parto prematuro - que temos sempre em conta uma vez que no início tive um descolamento. Não tenho azia, nem dores no corpo, nem de cabeça e só ao final do dia, quando me sento, é que sinto o peso todo do dia ali mesmo no sofá. A fase em que estou é óptima porque ainda me mexo e durmo bem, apesar de estar com o sono muito mais leve. Mas de longe esta é a gravidez que mais me está a custar. Primeiro porque não estou mais nova, depois porque - e este é o grande motivo - tenho um filho que ainda quer colo e a quem ainda lho quero quero dar, e muito. E brincar, e correr...

Quem é amiga?

Todas as famílias passam por isto. Escolher as refeições. No meu grupo de amigas, passamos a vida a pedir ideias sobre o que cozinhar. Para a família, para os amigos, para um jantar especial. As ideias para a semana Mas o mais difícil é mesmo a organização da semana, cozinhar para a casa, coisas boas, que todos gostem e ir às compras a contar com isso tudo. Se a semana estiver organizada, a lista das refeições feita, então não há como não correr tudo melhor. Cá em casa é sempre como calha. Normalmente vou às compras à segunda feira - para mercearia, talho e afins e a fruta e legumes vou comprando ao longo da semana- Já aprendi que à segunda feira não é bom. Penso de cabeça o que vou fazer e compro na hora. Mas a quantidade de vezes que vou ao supermercado é uma perda de tempo e consequentemente de dinheiro. As receitas. Duas por cada dia Eis que surge A IDEIA. E não estaria a escrever isto se não fosse mesmo a ideia mais espectacular que vi nos últimos tempos. Chama-se ...

sair para descansar e não descansar

Quando crescemos, a maior parte de nós, que tem uma vida normal e um trabalho normal e uma rotina normal deixa de sentir adrenalina. E quando a voltamos a sentir, relembramos os tempos da adolescência em que fazíamos coisas parvas para termos este gozo que só algumas coisas nos dão. Estávamos todos a precisar de sair de Lisboa. É que Lisboa é linda mas cansa e mesmo que com filhos nunca se descanse, sair da (nossa) cidade é por si só um enorme descanso. O Aquashow Hotel teve a gentileza de convidar esta família de 5 para um fim de semana e nós, aproveitámo-lo bem. O Hotel é todo ele simpático e animado. Toda a gente é simpática, no restaurante, na recepção, no bar. E isso é logo meio caminho andado para nos sentirmos bem. Os quartos são óptimos e ficámos muito confortáveis uma vez que o nosso quarto era familiar com dois quartos independentes com uma porta comunicante. Varanda espectacular com vista para a piscina. O pequeno almoço é para todos os gostos e há de tudo e deu ...