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A minha verdade sobre a gravidez

Adoro estar grávida. Este é um statement obrigatório que tenho que fazer antes de começar a escrever o que vou escrever.

A ideia de criar um filho dentro de nós é inacreditavelmente especial, única e transcendente.
Gosto de ter filhos. Gosto que cresçam na minha barriga. De os ver crescer por fora e por dentro. De os sentir mexer.
Gosto de os ver em todas as fases. Quando os chamamos de feijão, quando se descobre se é menino ou menina, quando se contam os dedos, se ouve o coração, quando agarram os pés e põem as mãos na boca.
Quando nos dão pontapés tão fortes que o nosso corpo todo abana.

Sinto sempre as minhas gravidezes com o maior amor, dedico-me ao bebé que faço crescer. Tomo todos os cuidados e sou protectora desde o primeiro dia.
Recordo sempre as gravidezes com carinho. Acima de tudo o sentimento. O que se sente quando eles aqui estão.
Quando preparamos tudo para os receber. A casa, o quarto, o corpo, os outros filhos, o pai, a família.
Quando preparamos a cabeça, se isso for possível. Quando imaginamos logísticas, espaços, rotinas, planos, formas, férias, tempos, momentos.

Sei que sou uma boa grávida. O pior que me aconteceu nas três gravidezes foi o pós parto da Leonor - foi terrível -, pés inchados e uma noite a soro por desidratação às 35 semanas do Zé Maria. Tirando isso o meu corpo parece estar bem preparado para acolher aqui dentro bebés e os fazer crescer bem, ficarem tempo suficiente e nascerem sempre bem.

Até gosto do parto, tirando a epidural de que tenho medo. E gosto, imagine-se daqueles dias no hospital em que tirando as saudades dos meus, adoro o tempo para gozar o bebé. Só nós.

Sou carinhosa com a minha barriga, falo com eles quando ainda aqui estão, imagino-os e tento tratar minimamente conta de mim para que não tenham gordura a mais, açúcar a mais e coisas más a mais.

Mas o meu adorar estar grávida é por dentro. Não adoro por fora e não apenas pela minha futilidade que não consigo ultrapassar de não me achar uma grávida bonita, nem pelo peso que ganho, muito por descuido, algum descontrolo e muita despreocupação. Não é por esse peso. É que estes são os 9 meses em que tudo acontece para além da gravidez e eu nem sempre respondo ou respondo em esforço.

Estas últimas semanas são duras. Não minto. Os finais de tarde fazem-me pensar na logística com mais um filho e às vezes mesmo que descanse há qualquer coisa que ao final do dia me aniquila.

Gravidez não é doença, sou absolutamente abençoada e se odiasse estar grávida possivelmente não teria (mais) filhos ou pedia para induzirem o parto mais cedo por exemplo ou não recusaria os toques mas os "finalmentes" são difíceis para mim.

Há quem ande até à última com uma energia sem explicação, com tempo e vagar para tudo e a gravidez é só um extra.
A mim custa-me. Mas custa-me mais sentir-me obrigada a gostar de estar fisicamente grávida. Não gosto. Gosto de tudo o que está relacionado com a gravidez de fora para dentro mas não do efeito que tem em mim.
É só uma passagem até ao bom que aí vem. Tê-los cá fora é uma ideia muito mais feliz e emocionante do que estes 9 meses.
E se me queixo, se refilo, se bufo, é contra mim. Porque apesar do meu corpo lá dentro estar tão bem preparado para criar bebés, o meu corpo por fora cansa-se e não reage assim tão bem. Gostava de ter energia para tudo, de estar completamente bem para gozar os meus filhos o tempo todo, de lhes dar tudo o que merecem, de fazer programas e de o fazer com uma perna às costas.
Mas não sou assim. Zango-me comigo por não ter tido mais cuidado porque menos quilos igual a mais energia mas sei que faço o meu melhor.
É difícil queixar-me para fora com a certeza que me entendem, porque estou feliz. Absolutamente feliz. Os meus olhos brilham pelos meus filhos desde o primeiro minuto. Só não brilham assim tanto por mim.

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