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O teu mal é seres bom.

Sei que tenho filhos de coração bom.  Às vezes mau feitio,  irritadiços,  umas vezes mimados. Têm defeitos. Porque são pessoas, coisas a melhorar e para mim claro, perfeitos com essas imperfeições. O meu papel é atenuar o que possa ser menos bom,  orientar para o melhor caminho, fazer deles bons adultos.
Mas a sua essência é boa.
E não há mal nenhum em ser bom.
A minha filha é genuinamente boa. Não digo isto para provar nada de especial mas para enquadrar as minhas preocupações.
É que nem sempre é bom ser-se bom. Trazem-se para casa mordidelas, injustiças,  nomes feios e coisas que as crianças todas fazem umas às outras. E os meus com certeza também farão.
Mas a bondade preocupa-me tanto como a maldade.
Preocupa-me que não se imponham, que não estabeleçam limites, que não se defendam.
Bate-lhe também, morde também, chama-lhe o mesmo, empurra-o....
Podemos apenas controlar os nossos. Contar com o seu discernimento,  com a sua capacidade de reacção. Às vezes com a escola em situações mais extremas e esperar que as situações normais não cheguem a fazer mossa, que sejam parte do crescimento e desenvolvimento.
Mas como se diz a um filho que seja uma coisa que não é?
Cresci a ouvir dizer que o meu maior defeito era ser boa demais e que essa era também a minha maior qualidade.
Nunca entendi, e achava muito injusto, até agora.
Não lhe chamo um defeito até porque é das poucas coisas que espero deles. Mas pode ser um impedimento a que cresçam seguros, fortes, decididos. E isso sim. Assusta-me.
Como é que se ensina um filho a defender-se sem o transformar numa pessoa que não é? Como é que se dá segurança sem altivez?
Como é que que se encaixa a bondade no confronto às vezes necessário durante o crescimento?
Como é que se mantém um filho bom? E seguro?  E confiante?
Vamos dando aos nossos filhos empurrões constantes para que aprendam a defender-se. Usamos os irmãos e eles usam-se dos irmãos para treinarem essas capacidade mas a verdade é que os queremos assim, que as qualidades com que nasceram não se transformem por causa dos outros. 
Talvez isso tenha mesmo que acontecer se quisermos que cresçam....

Comentários

  1. Sinto este texto como se fosse meu. Já dei por mim a dizer "dá-lhe tau tau quando te fizer isso". Mas como não eduquei a minha pequenina desta forma e ela é "boa", como dizes, ela respondeu-me "não mamã, isso não se faz, não se bate". Fiquei feliz com a resposta e de lágrima no olho apesar de saber que o que lhe ensinei talvez não seja o melhor para sobreviver nesta "selva". Um beijinho

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    Respostas
    1. Que querida a sua filha.
      É mesmo isso. Queremos que continuem bons mas que não se deixem abater... Enfim, é difícil dar-lhes armas para tudo....

      Eliminar
  2. Pois... Ao ler este texto, lembro-me de uma conversa com uma colega de trabalho sobre o mesmo assunto... "Não sei o que ensine à minha filha, se a ensino só a ser boazinha não se vai safar, porque na realidade em que vivemos, só quem é xico esperto é que se safa"... Fiquei a pensar nisso nessa altura, e agora com o teu texto, vejo as minhas dúvidas expostas... O que ensino aos meus filhos? a ser o que não são? a safarem-se?

    Um dia de cada vez, a tentar perceber o que se passa e como melhor os orientar...
    Beijinho

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