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Podem sair para a mãe chorar?

Não há muito tempo para chorar com três filhos, uma de (quase) 5 anos,  outro de 2 e um recém nascido. 
Chora-se quando se pode, no intervalo das coisas, no entretanto dos acontecimentos, nas horas vagas nos minutos vagos, no meio do caos quando achamos que ninguém vê nem ouve e o nosso choro se confunde entre eles, os seus risos, as suas birras, seus pedidos, o seu estar.

Às vezes espero que saiam para chorar. Não porque esteja triste - estou tão feliz - ou extremamente cansada - já estive muito mais - ou saturada - estou a amar viver tudo isto, mais ainda do que imaginava.
Mas. 
Quando um bebé nasce, seja ele o primeiro ou o quinto há um tempo para cada um se adaptar.
O tempo dos pais que diminui conforme os filhos aumentam, o tempo dos filhos que se altera,  se alterna, se distribui e o tempo do bebé que não segue regras.

Para que todos estes tempos estejam sincronizados é preciso muito. E às vezes pura e simplesmente é tudo demais.
Muitas vezes - felizmente - as coisas correm bem, com mais ou menos stress. Mas há vezes em que mais do que uma coisa corre mal ao mesmo tempo. Perdemos as mãos,  perdemos a cabeça,  perdemos o controlo e em segundos a casa parece um campo de guerra em gestão de ânimos,  de sensibilidades, de quereres.
É nessas alturas em que perco o fôlego e me apetece parar tudo. Que parem todos. Que o mundo pare.
Acontecimentos banais que se agigantam quando há um ser minúsculo em casa. As rotinas são maiores do que são, os imprevistos fazem mossa. A logística atropela-se. 

Em modo barata tonta a tentar que ninguém note. Que o bebé não sinta e mame bem, que não lhe incomodem os gritos dos manos, os pés que lhe rasam a cabeça,  o caos. Que a fralda não fique mais tempo que deve. 

Que os mais velhos não notem que às vezes estou em pânico. Que não gosto de ter que optar por um colo ou outro, que queria estar logo lá quando me chamam,  me dividir. Ou me multiplicar. 

Depois eles saem, eles dormem, eles não estão e as hormonas têm finalmente carta verde para darem um ar de sua graça.
Finalmente chorar. Que parece meio infantil. Meio tonto. Meio inevitável.
Não há mal algum em que as coisas corram menos bem.  Eles vêem que não somos de ferro, crescem, orientam-se sozinhos,  puxam pela cabeça,  criam estratégias, brincadeiras,  unem-se. Formam equipa.
Nós exactamente o mesmo.  Reconhecemos que não somos de ferro, crescemos, criamos estratégias....
Deixamos que o barco afunde. Que o telhado caia. Que a bolha rebente. 
E depois juntamos peça a peça conforme vai dando, no intervalo das coisas, no entretanto dos acontecimentos, nas horas vagas nos minutos vagos. E às vezes choramos, quando podemos.

Comentários

  1. É tão verdade este texto. Sou mãe de um menino de nove meses e ando de rastos por não dormir. O não dormir para mim arrasa.me completamente. Faço de uma coisa mínima um problema gigante. Não consigo discernir. Tudo isto acalma quando consigo repor o sono. O meu filho foi o melhor que me aconteceu mas nestes dias fico tão exausta que só pedia uma horinhas de sono restabelecedor. Acho.a uma mulher de armas mas, principalmente, de coragem. Não tenho coragem de ter mais filhos. Acho que é a palavra correta CORAGEM. Felicidades

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  2. É tão verdade este texto. Sou mãe de um menino de nove meses e ando de rastos por não dormir. O não dormir para mim arrasa.me completamente. Faço de uma coisa mínima um problema gigante. Não consigo discernir. Tudo isto acalma quando consigo repor o sono. O meu filho foi o melhor que me aconteceu mas nestes dias fico tão exausta que só pedia uma horinhas de sono restabelecedor. Acho.a uma mulher de armas mas, principalmente, de coragem. Não tenho coragem de ter mais filhos. Acho que é a palavra correta CORAGEM. Felicidades

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    Respostas
    1. Sonia, peça ajuda a uma conselheira do sono, para estabelecer rotinas e ajudar o seu bebé a dormir. Não é só a Sonia que precisa de um sono restabelecedor, o seu filho também. Não precisam os dois de passar por esse martírio. Procure ajuda.
      Eu procurei para as sestas diurnas, quando meu filho tinha 5 meses.

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    2. Obrigada Inês pelo conselho. Já fui à Constança "a encantadora de bebés" e a un workshop sobre o sono, também com a Constança. Tudo que aprendemos aplicamos...e voltou à estaca zero. Será dos dentinhos (ainda não tem nenhum)? Será dos sonhos, que dizem que agora começa? Será do calor? Dizem que são fases. O que sei é que não dormimos uma noite inteira há nove meses (tirando muuuuitas raras excepções)

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    3. Obrigada Inês pelo conselho. Já fui à Constança "a encantadora de bebés" e a un workshop sobre o sono, também com a Constança. Tudo que aprendemos aplicamos...e voltou à estaca zero. Será dos dentinhos (ainda não tem nenhum)? Será dos sonhos, que dizem que agora começa? Será do calor? Dizem que são fases. O que sei é que não dormimos uma noite inteira há nove meses (tirando muuuuitas raras excepções)

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  3. Olá. Se ajuda alguma coisa .. Eles crescem e esses problemas melhoram muito :))) é só uma fase. Um grande beijinho

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  4. Olá. Eu também gostava que me indicassem uma conselheira de sono além da constanca, de preferência mais perto da zona de sintra. Tenho ouvido muito essa expressão " é só uma fase, vai passar". E sei que é verdade, mas de momento só preciso mesmo é de dormir melhor! Grata

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    1. Posso perguntar a idade da criança, se mama, se bebe biberon e como adormece ? :)

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  5. É muito isto, apesar de eu ser mãe de primeira viagem revejo-me neste texto, há mesmo alturas em que é preciso chorar um pouco e repor as energias :-)
    E vale tão a pena :-)

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  6. É muito isto, apesar de eu ser mãe de primeira viagem revejo-me neste texto, há mesmo alturas em que é preciso chorar um pouco e repor as energias :-)
    E vale tão a pena :-)

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