Avançar para o conteúdo principal

No meu tempo

No meu tempo não havia nada do que há agora, nem telefone nem televisão nem acesso a viagens para fora do país nem preocupações ambientais (shame on you) nem internet nem televisão por cabo nem televisão nem fast food. Os bebés dormiam toda a noite, comiam logo carne de porco, todas as frutas e vegetais ao mesmo tempo e não havia isto de "introdução aos sólidos". No meu tempo dava-se logo sumo de laranja açúcar na chucha sopas de cavalo cansado e leite de vaca aos 3 meses. Não havia depressões pós parto, nem dificuldades em gerir o tempo, o casamento, os filhos, as escolas, a casa. No meu tempo ninguém se queixava, fazia-se e pronto. Não havia dramas nem estas coisas que há hoje. O co sleeping o baby led weaning o mindfullness o wraping o babywearing o método canguru a parentalidade positiva a parentalidade consciente a preparação para o parto a recuperação pós parto. No meu tempo o bebé ficava a chorar. A certa altura parava e não havia mais problemas. No meu tempo não se dava atenção a essas coisas. No meu tempo só se tinha um brinquedo que durava anos a fio. Ia-se a pé para a escola aos 6, toda a gente se conhecia.
Os bebés começavam a desenvencilhar-se sozinhos muito mais cedo do que os bebés de agora. Não havia mariquices. No meu tempo não se respondia, não se falava à mesa, não se cantava nem se assobiava, não se confrontava o pai e mãe, não se respondia.
Mo meu tempo não havia cadeirinhas no carro e ia tudo ao molho e fé em Deus e estamos todos aqui no meu tempo fumava-se na gravidez e nunca fez mal a ninguém.
As coisas eram diferentes há 5 anos e mais diferentes eram há 40. Em muitas coisas tenho a certeza absoluta que estamos piores. Há crianças mimadas com excesso de atenção há falta de valores entre as pessoas há fraldas descartáveis há comida descartável há acesso em excesso a informação há livros de mais teorias de mais há coisas de mais e brinquedos a mais. Há trabalho de mais e emprego a menos. Há culpa a mais. Não há tempo.
Há coisas melhores. Os bebés vivem nos tempos certos e fazem o que é suposto um bebé fazer. As mães estão mais atentas a si mesmas e a todas as doenças psicológicas associadas ao parto e ao pós parto estão menos sozinhas e estão mais com os maridos e os maridos estão mais com a mães e com os filhos. Há mais coisas que impedem a comunicação mas há mais comunicação. Os pais ouvem e falam e deixam falar. Isso é bom não é?
Conhecemos melhor os bebés, sabemos mais sobre essa fase da sua vida, reconhecemos melhor as suas necessidades, não os deixamos chorar tanto porque chorar é a última forma de comunicação do bebé e não a primeira.
Os tempos mudam. Os pais mudaram e cria-se uma geração que pertence a este tempo. O de agora em que as coisas são tão difíceis ou mais do que eram, em que se faz o que pode como se pode como naquele tempo se fazia. Seguimos pediatras, livros e amigos e fazemos o melhor pelos nossos filhos como os nossos pais fizeram.
O melhor é que somos fruto de um tempo de mudança com toda uma geração de olhos postos em nós a ver o que vai sair daqui.
Daqui a 40 anos, sem sombra de dúvida estaremos a tentar passar todos estes ensinamentos, os certos e os errados aos nossos, e algumas coisas hão-de ficar, outras muito provavelmente não.
Os nossos filhos vão-se rir das coisas do nosso tempo e nós, vamos fazer questão de as fazer notar, quer eles queiram quer não porque há coisas que nunca mudam.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

23 semanas (e um dia)

Passaram 15 dias desde a última actualização e tudo está maior. Eu no geral e também a minha barriga. Fizemos a ecografia morfológica e é impossível a Luísa estar mais saudável e mais enérgica. Durante toda a ecografia não parou e mostrou-se em toda a sua beleza. A médica disse que ela grande e gordinha. Está do tamanho de uma papaia, com cerca de 550 gramas e quase 30 cm! Comigo também está tudo óptimo e não há sinais de parto prematuro - que temos sempre em conta uma vez que no início tive um descolamento. Não tenho azia, nem dores no corpo, nem de cabeça e só ao final do dia, quando me sento, é que sinto o peso todo do dia ali mesmo no sofá. A fase em que estou é óptima porque ainda me mexo e durmo bem, apesar de estar com o sono muito mais leve. Mas de longe esta é a gravidez que mais me está a custar. Primeiro porque não estou mais nova, depois porque - e este é o grande motivo - tenho um filho que ainda quer colo e a quem ainda lho quero quero dar, e muito. E brincar, e correr...

Quem é amiga?

Todas as famílias passam por isto. Escolher as refeições. No meu grupo de amigas, passamos a vida a pedir ideias sobre o que cozinhar. Para a família, para os amigos, para um jantar especial. As ideias para a semana Mas o mais difícil é mesmo a organização da semana, cozinhar para a casa, coisas boas, que todos gostem e ir às compras a contar com isso tudo. Se a semana estiver organizada, a lista das refeições feita, então não há como não correr tudo melhor. Cá em casa é sempre como calha. Normalmente vou às compras à segunda feira - para mercearia, talho e afins e a fruta e legumes vou comprando ao longo da semana- Já aprendi que à segunda feira não é bom. Penso de cabeça o que vou fazer e compro na hora. Mas a quantidade de vezes que vou ao supermercado é uma perda de tempo e consequentemente de dinheiro. As receitas. Duas por cada dia Eis que surge A IDEIA. E não estaria a escrever isto se não fosse mesmo a ideia mais espectacular que vi nos últimos tempos. Chama-se ...

sair para descansar e não descansar

Quando crescemos, a maior parte de nós, que tem uma vida normal e um trabalho normal e uma rotina normal deixa de sentir adrenalina. E quando a voltamos a sentir, relembramos os tempos da adolescência em que fazíamos coisas parvas para termos este gozo que só algumas coisas nos dão. Estávamos todos a precisar de sair de Lisboa. É que Lisboa é linda mas cansa e mesmo que com filhos nunca se descanse, sair da (nossa) cidade é por si só um enorme descanso. O Aquashow Hotel teve a gentileza de convidar esta família de 5 para um fim de semana e nós, aproveitámo-lo bem. O Hotel é todo ele simpático e animado. Toda a gente é simpática, no restaurante, na recepção, no bar. E isso é logo meio caminho andado para nos sentirmos bem. Os quartos são óptimos e ficámos muito confortáveis uma vez que o nosso quarto era familiar com dois quartos independentes com uma porta comunicante. Varanda espectacular com vista para a piscina. O pequeno almoço é para todos os gostos e há de tudo e deu ...