Ando com eles pela rua de mão dada e olho à minha volta. São 3. Parecendo que não entre um salto e outro pode vir um carro. Eles nem sabem que eu tenho e vivo com o radar ligado. O braço pronto a amparar-lhes as quedas.
Sopro a sopa quando ferve. Abraço-os se está frio. Puxo-os para a sombra se me esqueci dos chapéus. Dou a mão a descer os degraus. Ponho os cintos. Tapo-os a meio da noite e uso as mãos para que o shampoo não lhes arda nos olhos.
Ponho um penso na ferida. Pego ao colo quando lhes dói o pé para andar. Ponho a mão no canto da mesa quando os vejo directos a ela. Encosto-os a mim quando vem uma ventania e uso o meu guarda chuva para não se molharem muito.
Faço o que posso para os proteger das coisas que eles não sabem ou não podem ainda controlar e que eu por enquanto, sou capaz.
Depois há o resto. E isso não está nas minhas mãos.
Posso muni-los. Dar-lhes tudo o que tenho para que se consigam defender sozinhos. E faço-o. Sempre que posso e consigo.
Quando vêm da escola sem saber bem porque se sentem mal. Porque até gostam da escola mas "aquele menino bateu-me e aquele chamou-me feio e deu-me um pontapé e é mau e está sempre a chatear-me e ninguém quis brincar comigo".
Quando conhecemos os nossos filhos não precisamos de perguntar quem começou. Sabemos se nesse dia quer atenção. Está a exagerar. Precisa de mimo.
Já sabemos pela cara deles.
Desde tão pequeninos sabemos que só não podemos protegê-los das pessoas. Das pequenas pessoas para começar. São eles que têm, sem se corromperem, que aprender a fazer frente às pessoas. A empinar o nariz. A fazer peito. A fingir não querer saber. A não ter medo. A não ligar. A fazer-se de forte. A olhar em frente. A seguir caminho.
Damos-lhes tudo para a mão quando saem de casa. O amor, os beijinhos, a confiança e a educação. E esperamos que isso tudo chegue. Que ser bom não irrite o mau. Que ser tímido não chateie o extrovertido. Que ser alegre não irrite o sério. Esperamos tudo. E que eles passem pela escola felizes e sem sentirem que nos preocupamos demais. Que queríamos também controlar isso e ir lá dar um caldo a quem o fez tropeçar de propósito.
Queríamos que fossem infantis.
Queríamos que fossem capazes.
Queríamos que fossem livres.
Passaram 15 dias desde a última actualização e tudo está maior. Eu no geral e também a minha barriga. Fizemos a ecografia morfológica e é impossível a Luísa estar mais saudável e mais enérgica. Durante toda a ecografia não parou e mostrou-se em toda a sua beleza. A médica disse que ela grande e gordinha. Está do tamanho de uma papaia, com cerca de 550 gramas e quase 30 cm! Comigo também está tudo óptimo e não há sinais de parto prematuro - que temos sempre em conta uma vez que no início tive um descolamento. Não tenho azia, nem dores no corpo, nem de cabeça e só ao final do dia, quando me sento, é que sinto o peso todo do dia ali mesmo no sofá. A fase em que estou é óptima porque ainda me mexo e durmo bem, apesar de estar com o sono muito mais leve. Mas de longe esta é a gravidez que mais me está a custar. Primeiro porque não estou mais nova, depois porque - e este é o grande motivo - tenho um filho que ainda quer colo e a quem ainda lho quero quero dar, e muito. E brincar, e correr...
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