Hoje, eu, o meu marido e a Luísa fomos conhecer a educadora que vai pegar nela ao colo nos próximos tempos.
Estava na sala a preencher aqueles papéis que ajudam os educadores a conhecer melhor algumas das características deles para no primeiro impacto terem algumas luzes da sua personalidade e ajudar também à adaptação.
Como adormece, como dorme, se tem objecto preferido, se é autónoma e tem gosto em explorar, que palavras diz, se gosta de colo.
Todas aquelas coisas que passei para o papel e para as mãos da educadora - de quem gostei muito - foram minhas este tempo todo. Todos os sinais eu entendo. Não há um que me escape neste momento. Todas as suas expressões conheço de trás para a frente.
É inevitável encontrar, um lado triste nesta separação. Muito mais para mim do que para ela.
É o fim do meu trabalho de mãe a tempo inteiro que dura há mais ou menos 7 anos e meio.
É inevitável sentir que no segundo em que a Luísa se adaptar à escola, eu terei que me adaptar a mim mesma. Sei que terei que encontrar um novo rumo, olhar mais para dentro, olhar finalmente para dentro.
Não me imagino com horas do dia livres nem com tempo para parar para além do almoço. Não me imagino sem ter agarrada a mim esta função que tanto me esgotou e me fez ser tão imensamente feliz. Não consigo deixar de pensar que de certa forma tenho espaço livre para explorar um sem número de possibilidades e que ao mesmo tempo, eles - os meus três filhos - foram o melhor e mais bem pago trabalho que alguma vez vou ter.
Em Setembro a Luísa começa a escola. Os manos regressam. E uma nova fase da minha vida se inicia e embora consiga ver inúmeras possibilidades, vejo também um final. Fico de mãos livres pela primeira vez em muito tempo. E para sempre. Sem a perspectiva de uma barriga e de um bebé para cuidar.
Não deixo de me sentir apavorada com esse quadro.
Há dias - muitos - em que a rotina me absorve por completo, me esgota, me enfraquece. E queixo-me dos dias e de alguma solidão associada a isto, de estar em casa, mas fui tão feliz a cuidar destes três. Cada um o seu tempo, cada um da sua e da minha maneira, cada um tão especial.
Estou curiosa por me reencontrar nas horas de silêncio e ver se ainda sei ser sozinha. Eu e só eu.
Passaram 15 dias desde a última actualização e tudo está maior. Eu no geral e também a minha barriga. Fizemos a ecografia morfológica e é impossível a Luísa estar mais saudável e mais enérgica. Durante toda a ecografia não parou e mostrou-se em toda a sua beleza. A médica disse que ela grande e gordinha. Está do tamanho de uma papaia, com cerca de 550 gramas e quase 30 cm! Comigo também está tudo óptimo e não há sinais de parto prematuro - que temos sempre em conta uma vez que no início tive um descolamento. Não tenho azia, nem dores no corpo, nem de cabeça e só ao final do dia, quando me sento, é que sinto o peso todo do dia ali mesmo no sofá. A fase em que estou é óptima porque ainda me mexo e durmo bem, apesar de estar com o sono muito mais leve. Mas de longe esta é a gravidez que mais me está a custar. Primeiro porque não estou mais nova, depois porque - e este é o grande motivo - tenho um filho que ainda quer colo e a quem ainda lho quero quero dar, e muito. E brincar, e correr...
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